Este ano não foi exceção! E como tal, lá fomos nós, Agrupamento 101 de escuteiros de Ponte de Sor, até ao Centro de Ciência Viva de Constância onde se realizou a XXVIII edição de mais um "Margaridas", o acampamento anual, em que participam muitos agrupamentos da região de Portalegre-Castelo-Branco, mas também, de outras regiões, organizado pelo Agrupamento 707 de Santa Margarida.
Este ano o imaginário foi "Astérix & Obélix" e a atividade realizou-se nos dias 10, 11, 12 e 13 de Fevereiro.
Foi o meu quinto ano a participar nesta atividade, porém, foi o primeiro na IV secção - os Caminheiros - sinónimo de uma inovadora aventura. Da minha tribo fez parte a Ana Jordão ou Juca (como lhe chamamos) que é a nossa querida guia, a Raquel Bizarra, a Rita Miranda e o Zé Luís.
1º Dia - 10/02/2018
06:45 - Encontro na sede do nosso Agrupamento em Ponte de Sor e arrumação do material no autocarro.
07:45 - Saída da sede.
08:22 - Chegada a Constância e entrada em campo. Na IV secção as Tribos dos diferentes agrupamentos trabalham todos juntas, ou seja, em Clã. Desta forma, a primeira tarefa do Clã foi acartar lenha para construirmos uma mesa onde o Clã inteiro pudesse comer. O Clã foi constituído por 35 Caminheiros. Depois de toda a lenha reunida no Albergue (local dos Caminheiros) iniciamos a nossa construção. Optámos por uma mesa em U feita com tripés que ficou virada para o pórtico do nosso Albergue.
12:52 - Almoço em que cada um de nós comeu aquilo que trouxe de casa.
14:00 - Abertura de campo (Cerimónia de início das Margaridas).
14:50 - Acabou a abertura de campo.
15:45 - Reunião com o chefe de secção, o chefe Victor do Agrupamento 651 de Azeitão. Discutimos sobre o verdadeiro significado de "servir", sobre a simbologia da vara bifurcada (símbolo dos Caminheiros) e sobre o que é ser "homem novo".
Para servir é necessário aproximar-mo-nos do alguém a quem pretendemos auxiliar. O serviço pode, ainda, ser solitário, pelo que podemos servir-mo-nos a nós próprios, quando interiorizamos o que é melhor para nós, por exemplo.
Todo o Caminheiro sabe que a vara bifurcada simboliza o caminho do bem e do mal e a escolha entre estes dois. Mas há mais! Estes dos caminhos não têm necessariamente de ser os dois maus, podem ser os dois bons caminhos mas é necessário escolher aquele em que renunciamos ao mais cómodo. Escolhemos o caminho certo ao abandonar os nossos sofás e lareiras de casa e ao escolher ir ao acampamento, por exemplo.
O "homem novo" é aquele que assume um lugar ativo na construção dos "novos céus e da nova terra", aquele que vive cristãmente em todas as dimensões do seu ser.
Por fim foram constituídas novas tribos com elementos das diferentes tribos de origem. Promoveu-se assim a socialização entre pessoas de diferentes agrupamentos, o que nos permitiu conhecer gente nova. Tivemos de elaborar uma bandeirola de tribo. Foram formadas 5 novas tribos.
17:30 - Começamos a cozinhar para o jantar em que cada tribo de origem teve de cozinhar um prato típico da sua região para partilhar com as outras tribos.
18:45 - Reunião na tenda dos chefes dos caminheiros onde nos foi revelado o programa de toda a atividade, algo que nos deixou muito empolgados: disseram-nos que íamos naquele mesmo dia, depois da missa, para Cide, no conselho da Guarda, uma pequena aldeia de xisto que ardera em Outubro de 2017. A aldeia tinha 38 habitantes antes do incêndio, porém, houve um casal que não sobreviveu, deixando a aldeia com 36 habitantes apenas. A nossa função era ajudar naquilo que fosse preciso, pôr o nosso serviço em prática. O Agrupamento 651 de Azeitão vai a Cide de 15 em 15 dias, aos fins-de-semana, ajudar as pessoas da Aldeia, ou seja, nós só fomos dar continuidade ao seu projeto tão nobre. O Chefe Victor explicou-nos que da primeira vez que haviam ido a Cide só faltava os habitantes correrem com eles "à pedrada" por se sentirem abatidos e fragilizados com o incidente, porém, naquela altura os habitantes já os viam como amigos, chegavam até a ligar-lhes para que eles tivessem cuidado com os temporais quando viajavam para Cide.
19:45 - Jantar regional.
20:30 - Zé lavou a loiça e nisto eu disse "És uma máquina Zé!", ele respondeu "Pena é não tirar café.".
21:00 - Missa campal onde aprendemos e cantámos pela primeira vez a musica "Oceanos" que veio a marcar bastante o nosso acampamento.
22:40 - Saída de campo e partida para Vide, terra perto de Cide onde pernoitámos. Rapidamente todo o Clã adormeceu no autocarro.
2º Dia - 11/02/2018
01:30 - Chegada ao Centro Paroquial de Vide e dormida.
08:00 - Alvorada e pequeno-almoço (pão com manteiga e leite com chocolate ou café).
09:15 - Partida, nas carrinhas, para Cide. A vista que tivemos das carrinhas não foi muito agradável: um matagal completamente queimado.
09:34 - Chegada a Cide. Ajudámos um senhor a limpar um dos seus terrenos que estava em muito mau estado. O Clã dividiu-se: alguns Caminheiros foram reconstruindo os muros de xisto que haviam sido derrubados e os outros ajudaram a acartar lenha e a cortar árvores em mau estado.
12:50 - Almoço (Bifana e ice tea).
13:00 - Cruza-mo-nos com a dona Maria Aurora, uma idosa muito simpática que nos alegrou a todos. Esta passeava as suas duas cabras, a Pomba e a Caiadinha. O que mais nos emocionou foi o facto da dona Maria Aurora querer imenso ver as raparigas do 651 por as conhecer. Quando as viu perguntou-lhes como estavam e abraçou-as fortemente. No fundo, parecia que se conheciam à anos, o que prova que as pessoas da aldeia realmente se importam com quem os ajuda verdadeiramente.
13:10 - O Clã foi dividido novamente: duas das novas tribos continuaram em Cide para terminar o trabalho da manhã e os restantes dirigiram-se para Malhada Silhas, aldeia onde foi marcado um caminho pedestre. Eu fui no grupo que foi para Malhada Silhas. Alguns caminheiros tiveram de se deslocar na caixa da carrinha de caixa aberta e como é óbvio, gostaram muito.
13:40 - Paragem num café em Malhadas Silhas.
14:00 - Inicio do caminho pedestre. Observámos locais que, mesmo queimados, eram lindos e explorámos ruínas incríveis de xisto.
15:19 - A minha GoPro ficou sem bateria pelo que fiquei frustrado.
16:25 - Chegada ao ponto de partida, perto do café.
17:40 - Regresso ao Centro Paroquial de Vide.
18:00 - Banhos e pensámos nas peças do Fogo-de-Conselho de secção nas nossas novas tribos.
20:00 - Convivemos e cantarolamos todos juntos.
21:00 - Jantar (Sopa, esparguete à bolonhesa, fruta e pudim).
22:50 - Fogo-de-Conselho da IV secção.
3º Dia - 12/02/2018
01:40 - Fim do Fogo-de-Conselho e reflexão sobre o dia e silêncio.
08:30 - Alvorada.
09:10 - Pequeno-almoço (pão com manteiga e leite com chocolate ou café).
10:30 - Partida a pé para Malhada Silhas para caminhada de reflexão. O percurso baseou-se em seguir pelo caminho pedestre que havia sido marcado no dia anterior. Mais uma vez valeu a pena! As fotos falam por si.
13:23 - Chegada ao café e partida a pé para Vide. Antes de partimos foi feito um jogo com papéis dentro das novas tribos. Os dois elementos a quem calhasse o papel igual teriam de ir lado a lado durante a viagem, o que nos obrigou saudavelmente a conviver.
14:20 - Chegada a Vide. Assim que chegámos cantarolamos todos juntos mais uma vez.
15:25 - Almoço (Frango à Brás e ice tea).
16:20 - Saída de Vide e regresso a campo, a Constância.
19:25 - Entrada em campo.
20:25 - Jantar na tenda da logística (Arroz com atum).
21:15 - Fogo-de-Conselho geral animado pela Equipa de Animação dos Caminheiros.
23:30 - Fim do Fogo-de-Conselho geral e reflexão sobre o dia em Clã.
4º Dia (Último) - 13/02/2018
02:00 - Terminou a reflexão sobre o dia em Clã e dormida nas tendas.
08:30 - Alvorada.
09:00 - Pequeno-almoço (Pão com manteiga e leite com chocolate ou café).
10:00 - Desmontagem da mesa do Clã.
12:00 - Almoço e início da Feira das Sopas onde cada agrupamento pode participar com a sua sopa, ficando habilitado a receber mais pontos na contagem geral da III secção - os Pioneiros. O nosso agrupamento fez sopa de bacon e espinafres.
14:00 - Encerramento de campo.
15:10 - Fim da cerimónia de encerramento de campo e despedidas. O Clã cantou a "Oceanos" pela última vez.
Partida para Ponte de Sor.
Partida para Ponte de Sor.
16:45 - Chegada à sede e arrumação do material.
Fui para estas "Margaridas" sem fazer a mínima ideia do que era o "Homem novo" mas, sem dúvida, que voltei de lá com a consciência de um.
Lembrai-vos que Caminheiro é aquele
que vive a convicção de não ter aqui morada permanente,
que vive o desprendimento do peregrino,
que alimenta o seu espírito na alegria da partilha animada pela caridade.
P.s.: Para ilustrar melhor esta minha aventura decidi fazer este pequeno vídeo com um grande conteúdo: vídeo.
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