A Karenia brevis é uma microalga composta por uma única célula e dois flagelos (apêndices que permitem o movimento das células) que permitem o deslocamento da célula por rotação dos mesmos.
Temperaturas entre os 22-28ºC, salinidade entre as 25-45 Unidades de Salinidade Prática (PSU) e a presença de nitrogénio orgânico ou inorgânico e compostos de fósforo no ambiente são algumas das condições que favorecem o desenvolvimento das K. brevis. Além disso, quando maior for a quantidade de luz recebida pelas K. brevis, mais elevada é a sua taxa de desenvolvimento, por serem organismos fotossintéticos que utilizam a luz solar para produzirem matéria orgânica, deslocando-se sempre em direção à luz, podendo percorrer 1 metro em 1 hora.
Pórem, este microorganismo fotossintético que nem é observável à vista desarmada, é responsável por uma das maiores causas de morte de animais marinhos (incluindo mamíferos e aves marinhas) no Golfo do México (EUA) - as marés vermelhas.
Acontece que as K. brevis possuem a capacidade de produzir neurotoxinas (toxinas que atuam no sistema nervoso) chamadas de brevetoxinas. As brevetoxinas provocam problemas gastrointestinais e neurológicos quando entram em contacto com o organismo de vários animais marinhos, podendo mesmo levá-los à morte.
A concentração normal de K. brevis nas águas do Golfo do México é menos de 1000 células por litro de água. Porém, quando este microorganismo se multiplica em quantidades superiores às quantidades produzidas em condições normais, ocorrem as chamadas marés vermelhas, que têm este nome devido aos pigmentos das K. brevis que lhes dão uma cor vermelha. Quando a taxa de reprodução da microalga é elevada, parece que a água se torna vermelha devido à grande abundância dos pequenos organismos vermelhos.
Um dos maiores desastres causados pelo fenómeno da maré vermelha aconteceu na África do Sul, em 1962, provocando a morte de mais de 100 toneladas de peixes, segundo o site InfoEscolas.
Em 2006, no Golfo da Florida, ocorreu uma proliferação de K. brevis que se prolongou por um ano e meio, segundo o Diário de Notícias.
Em 2007, no estado da Bahia, no Brasil, ocorreu uma grande floração de K. brevis que provocou a morte de diversas espécies marinhas, atingindo um total de 50 toneladas de animais mortos (segundo o site InfoEscolas).
O mais recente surto de marés vermelhas foi divulgado, em setembro de 2018, pelo Diário de Notícias. A proliferação de K. brevis em mais de 200 quilómetros da costa oeste da Florida provocou a morte de mais de 300 tartarugas, 500 manatins, dezenas de golfinhos, aves marinhas, caranguejos e outros crustáceos, sendo que o peso total dos animais mortos correspondeu a mais de 2000 toneladas.
O Diário de Notícias afirmou, ainda, que "Estas marés vermelhas tornaram-se sazonais nas águas do golfo, junto à costa da Florida. Pelo menos desde 1950 que se observa a sua ocorrência numa base mais ou menos anual, cuja persistência se intensificou nas últimas décadas.".
Contudo, as marés vermelhas podem, também, ser prejudiciais ao homem, atuando em espécies marinhas típicas de consumo humano. O Envenenamento por Molusco Neurotóxico (NSP) é o nome que se dá à infeção do homem com K. brevis através da ingestão de moluscos infetados com as brevetoxinas, como bivalves e cefalópodes. Os efeitos secundários do NSP assentam em náuseas, vómitos e uma variedade de sintomas neurológicos. Sabe-se, por exemplo, que o consumo de ostras com brevetoxinas provoca a paralisia do homem por até 30 minutos.
Também não é aconselhado ir à praia em períodos de marés vermelhas porque as brevetoxinas podem provocar irritação respiratória e irritação ocular e, além de se encontrarem na água, podem, também, ser libertadas no ar, sendo impulsionadas pela rebentação das ondas junto às praias e rochas.
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