Já se perguntou a razão pela qual se vendem tantos golfinhos cor-de-rosa de peluche? Se pensou que
era apenas um golpe comercial, está enganado(a).
Sim, é verdade, existem golfinhos cor-de-rosa. Os seus nomes comuns são boto-cor-de-rosa, boto-rosa, boto-vermelho, boto-malhado, boto-branco, costa-quadrada, cabeça-de-balde e, ainda, uiara e dividem-se em 3 espécies de golfinhos fluviais que habitam diferentes locais. O Inia geoffrensis habita na bacia do rio Amazonas e Solimões, o Inia boliviensis na sub-bacia Boliviana e o Inia araguaiaensis na bacia do rio Araguaia (todas na América do Sul).
Têm uma dieta rica em peixes, tartarugas e caranguejos, sendo que nas épocas de chuva se desloca para as áreas mais alagadas da floresta onde o alimento não é tão escasso.
Os machos pesam 185 kg, cerca de mais 16% do que as fêmeas, e medem aproximadamente 2,55m, cerca de mais 55% do comprimento de uma fêmea, o que indica a presença de um dimorfismo sexual mais evidente.
Comparação do tamanho de um boto cor-de-rosa em relação a um humano. |
O boto-cor-de-rosa é, geralmente, um animal solitário que raramente é visto em grupo com mais de três indivíduos. Se forem encontrados aos pares, o mais provável é serem mãe e filho.
Estes animais acasalam quando há baixos níveis de água e a sua gestação dura de 10 a 11 meses. A cria nasce com cerca de 80 centímetros e a mãe alimenta-a com o seu leite durante o primeiro ano do bebé.
Uma curiosidade sobre estes animais é que raramente saltam.
Embora, os botos-cor-de-rosa sejam um animal cuja captura não é frequente, em 2011, foi classificado, pela International Union for Conservation of Nature, um dos animais com dados insuficientes, ou seja, com um baixo estado de conservação. Esta classificação baseou-se no baixo número total de indivíduos da população, resultante da vulnerabilidade da espécie e das capturas acidentais em redes de pesca.
É um animal cuja manutenção é difícil e cuja taxa de mortalidade é elevada, porém, é mantido em cativeiro devido à sua bela coloração, principalmente nos Estados Unidos, Venezuela e Europa.
Mas afinal...
O que explica a coloração rosada deste golfinho fluvial?
Há quem diga que estes animais são cor-de-rosa devido às águas onde vivem. Outros dizem que a cor está relacionada com a comida. Outros, ainda, acreditam que são animais albinos. Mas a verdade é que estes golfinhos têm uma pele extremamente fina e, por isso, os vasos capilares (pequenas veias) ficam mais visíveis, conferindo-lhes esta cor espetacular.
Os botos jovens são de uma cor cinzento escuro mas os adultos apresentam a cor rosa. Esta coloração, nos adultos, depende da temperatura e da agitação da água, sendo que os botos que vivem em águas mais turvas e mais quentes tendem a ser mais rosados. Isto acontece porque necessitam de se movimentar mais e adquirir mais oxigénio. É, portanto, essencial uma grande rede de capilares.
Geralmente, os machos são mais rosados que as fêmeas, isto devido ao seu maior porte e à necessidade de possuir mais capilares.
Boto cor-de-rosa jovem |
Boto cor-de-rosa adulto |
A lenda do boto
Um animal tão fantástico como o boto cor-de-rosa não podia deixar de ter a sua própria lenda contada pelos habitantes da região norte do Brasil.
A lenda consiste na existência de um boto capaz de se transformar em rapaz na altura das festas dos Santos Populares (ou festas Juninas).
O rapaz aparece elegantemente vestido de branco e com um chapéu que lhe tapa o grande espiráculo no topo da sua cabeça, a única caraterística de golfinho que não desaparece com a transformação. Este rapaz seduz as raparigas desacompanhadas, levando-as para o fundo do rio e, em alguns casos, engravidando-as. Por esta razão, quando um rapaz desconhecido aparece numa festa de chapéu, pede-se para que ele o tire de modo a garantir que não é o boto.
Esta lenda é utilizada para justificar a gravidez das mulheres solteiras e, por este motivo, quando uma mulher engravida de um homem desconhecido chama-se ao filho "filho do boto".
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