"A língua dos cães cura"

Olá mais uma vez! E, depois de algum tempo, chega uma nova publicação! Desta vez, venho falar sobre as lambidelas e as propriedades da saliva dos cães. Verão que estes animais tão comuns nas nossas vidas são, também, muito especiais, apesar de nem nos apercebamos destes seus "super-poderes".

Não sei se já vos aconteceu, mas eu estou constantemente a ouvir a frase "a língua dos cães cura", tanto da parte dos meus avós como por parte da minha mãe. Decidi, assim, investigar quais seriam as propriedades que tornam tão especiais as lambidelas dos cães.

Toda esta crença nos poderes curativos da saliva dos cães começou no Egipto, quando os cães eram usados em práticas de cura. Os egípcios acreditavam que ser lambido por este animal ajudava na regeneração e na cura de doenças, principalmente quando havia uma ferida que se encontrava aberta.

A saliva de todos os seres vivos possui uma enzima chamada lisozima e uma proteína chamada histatina. Estas têm as propriedades de regenerar tecidos, promover a coagulação do sangue e prevenir infeções bacterianas. A saliva dos cães, especificamente, tem a NGF (Nerve growth factor ou Factor de crescimento nervoso, em português), proteína que, através da manutenção de neurónios, reduz o tempo de cura de uma ferida para metade. Esta proteína encontra-se em baixíssimas quantidades na saliva humana, pelo que não permite o efeito terapêutico na pele. A lambidela dos cães funciona, ainda, como bactericida contra a Escherichia coli e contra a Streptococcus canis. Porém, a sua função mais curativa reside no facto de a língua áspera ajudar na remoção de tecido morto. Além disso, este processo permite, ainda, ao animal, fazer uma limpeza da ferida e remover pelos e outros contaminantes que estejam por perto. 

Mas qual é o motivo pelo qual os cães lambem feridas? As feridas são húmidas e essa humidade contem o sabor da glicose, ou seja, o sabor doce do açúcar presente no sangue. Assim, os cães têm o hábito de lamber as próprias feridas, assim como as de outros indivíduos, acelerando a cicatrização.

Porém, pode não ser muito saudável permitir que o seu cão lhe lamba a ferida em demasia. Lamber feridas entre espécies diferentes não é aconselhável porque, se os indivíduos não forem saudáveis, a possibilidade de transmissão de doenças é elevada, lembrando, ainda, que parasitas ou bactérias podem não ser perigosos num determinado organismo mas podem sê-lo num organismo diferente. No caso dos cães, a raiva pode ser transmitida através da saliva, por exemplo. É importante lembrar que assim como há prejuízos para quem recebe a lambidela, também o há para o cão que faz uso da sua língua. Lamber em demasia pode causar-lhe granulomas ou infeções ao nível do estômago (entre outras doenças transmissíveis), provocadas pela ingestão de bactérias.